Thursday, January 9, 2025

[Resenha] Amy Foster

Minha primeira leitura concluída este ano foi um pequeno e-book contendo um conto de Joseph Conrad chamado Amy Foster. A tradução que li foi a de Laura Scaramussa Azevedo e conta com 32 páginas.

Meu interesse repentino nesse conto veio a partir de uma página de filmes que compartilhou um pequeno texto sobre "Trazido pelo mar", um filme que assisti há muitooo tempo. Ao descobrir a origem literária da história, fui atrás do livro e iniciei a leitura.

O conto tem como personagem central o narrador e um certo médico chamado Kennedy. O doutor atende uma cidade do interior e o narrador o acompanha em suas visitas. Numa ocasião, os dois passam por uma casa em que o médico cumprimenta uma mulher de aparência apática, Amy Foster, e pergunta sobre seu filho. 

A partir desse encontro, Kennedy começa a relatar ao seu acompanhante a história dessa moça, sempre muito dócil e passiva, que acabou se casando com um náufrago. O marido de Amy, Yanko, ocupa então boa parte dos comentários do médico, que relata todas as desventuras que o homem passou e como ele se interessou por Amy. 

A leitura flui facilmente, por isso é rápida, como esperado de um conto. A linguagem do texto é bastante acessível também, contribuindo para essa agilidade. Claro que é necessário levar em conta que é um texto produzido em 1901, mas em comparação a outra obra do escritor que já li, achei muito mais simples (e daí o fato de ser um conto também interfere, pois a outra obra era um romance). 

Para mim, o ponto principal do conto foi a reflexão que ele estabelece a respeito de um elemento novo chegando a uma cultura fechada. Yanko representa essa diversidade, que não é nem aceita e nem compreendida pelos moradores da aldeia. Apesar de encontrar o apoio de algumas pessoas e de demonstrar ser uma boa pessoa, Yanko é tratado como se a qualquer momento pudesse se mostrar violento ou maldoso (o que jamais acontece), graças a sua aparência, língua e costumes diferentes. 

No final, até mesmo a esposa, que demonstrou gentileza e acolhimento, desconfia de suas intenções e deixa de auxiliá-lo em sua doença, por conta da ignorância. O casamento dos dois, inclusive, parece vir da tentativa de Yanko de encontrar alguma aceitação ou afeto no meio de toda a rejeição, já que Kennedy o descreve como alguém belo e cheio de atrativos, em contraste com o marasmo e discrição de Amy. No final das contas, parece que ela se tornou encantadora justamente pela sua calma, mas não foi o suficiente para dar a Yanko o suporte que ele buscava. 

Termino essa curta resenha indicando a leitura do conto e também com a vontade de encontrar sua versão cinematográfica para assistir novamente, agora com a possibilidade de comparação com o original. Por tudo o que aborda, vale a penas passar algumas horas mergulhada nessa trama, seja na leitura ou no filme. 

A estrada (Nicole Siebel)

*Conto publicado originalmente no livro "Expresso 666 (Contos sobrenaturais, de suspense e de terror)", da Andross Editora.  A est...